domingo, 26 de dezembro de 2010

Trilhos frios

Tenho para comigo
A ilusão do desabrigo
A rejeição do ombro amigo
E a ausência do perigo

Desenho aqui para contigo
Estar nas letras polares
De neve surda, de lugares
Tão solitários, como o somos
A desvendar os desvendados
Olhos vendados dos otários
Que sempre mudam angulares
A percorrer as cores cinzas
Das ruas da nossa cidade

Era domingo e eu não sabia
Não sei lidar com pele fria
Não sei me dar em demasia
Sou percorrido como trilhos
E me contento percorrido
Por mais antigo seja o trem
Prazer em vê-lo no destino

E é meu o dever de conduzí-lo
Em frios traços desenhados
Em letras, pausas e obstáculos
Em vendas de olhos que angulares
Percorrem as ruas de lugares
Bem parecidos com os destinos
Pra onde levam os meus trilhos

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