Tenho para comigo
A ilusão do desabrigo
A rejeição do ombro amigo
E a ausência do perigo
Desenho aqui para contigo
Estar nas letras polares
De neve surda, de lugares
Tão solitários, como o somos
A desvendar os desvendados
Olhos vendados dos otários
Que sempre mudam angulares
A percorrer as cores cinzas
Das ruas da nossa cidade
Era domingo e eu não sabia
Não sei lidar com pele fria
Não sei me dar em demasia
Sou percorrido como trilhos
E me contento percorrido
Por mais antigo seja o trem
Prazer em vê-lo no destino
E é meu o dever de conduzí-lo
Em frios traços desenhados
Em letras, pausas e obstáculos
Em vendas de olhos que angulares
Percorrem as ruas de lugares
Bem parecidos com os destinos
Pra onde levam os meus trilhos
domingo, 26 de dezembro de 2010
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
O passarinho eletrônico
Bem calmo
Tranquilo
Sereno
De alma dispersa
Corpo jogado no feno
Como se em tapete persa
O celular toca
A pupila dilata
O sangue tem pressa
Sacode o relógio de prata
Levanta o corpo até a metade
Pára e reflete
Volta a acalmar-se
Imagina o som do toque
Como fosse passarinho
Com branda voz, deitado ao feno
Resmunga só e bem baixinho
Mas como canta o passarinho!
Tranquilo
Sereno
De alma dispersa
Corpo jogado no feno
Como se em tapete persa
O celular toca
A pupila dilata
O sangue tem pressa
Sacode o relógio de prata
Levanta o corpo até a metade
Pára e reflete
Volta a acalmar-se
Imagina o som do toque
Como fosse passarinho
Com branda voz, deitado ao feno
Resmunga só e bem baixinho
Mas como canta o passarinho!
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
A Dorothy - A Stang
Uma fagulha
Falha com a vida
Na floresta, no fogo
A besta fedida
Dos olhos verdes
Do corpo gordo
Do copo na mesa
Da roubada natureza
Com ferro e ausência
Nos tomam as terras
Cultivam silêncio
Exatamente onde berras
Ouvem-se muitos ecos
Mas ninguém pode ouví-los
Ali não há elos
Só criadores de grilos
Dedique-se àquela terra
E farás parte dela
A sete palmos
Sua vista mais bela
A poesia
Alegre despedida
A poesia é o som da alma amiga
A desvendar mistérios da desconhecida
Apavorada mente
Que a mente guarda
A consertar-nos do absurdo do concreto
A revelar-nos no reduto do advérbio
Desconstruindo-nos o cérebro da ilusão
Que o real é mesmo bem real
Que impropério!
Breve despedida
A poesia é o som no monastério
Silêncio longo bem no meio de uma música
A esconder nossas maldades como túnica
E nos devolve o dom de não ser sério
Melhor que sério é ser poeta, meus amigos
Não é profeta, bem podia
Que perigo!
A poesia é o som da alma amiga
A desvendar mistérios da desconhecida
Apavorada mente
Que a mente guarda
A consertar-nos do absurdo do concreto
A revelar-nos no reduto do advérbio
Desconstruindo-nos o cérebro da ilusão
Que o real é mesmo bem real
Que impropério!
Breve despedida
A poesia é o som no monastério
Silêncio longo bem no meio de uma música
A esconder nossas maldades como túnica
E nos devolve o dom de não ser sério
Melhor que sério é ser poeta, meus amigos
Não é profeta, bem podia
Que perigo!
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Olhar Diferente
O macumbeiro
De olhar curioso
O evangélico
De olhar altivo
O budista
De olhos fechados
O xiita
De olho vivo
O olho é parte
De um todo só
De onde parte
Outrora pó
De novo faz-se
O ponto
De partida
O início
Da vista
O santo
Doente
Olhando
Diferente
De olhar curioso
O evangélico
De olhar altivo
O budista
De olhos fechados
O xiita
De olho vivo
O olho é parte
De um todo só
De onde parte
Outrora pó
De novo faz-se
O ponto
De partida
O início
Da vista
O santo
Doente
Olhando
Diferente
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Lugar Desejo
Paro no ponto onde pausa
A ponte em passagem rasa
De rio, bem mais que profundo
Espero o barco do mundo
passar para nele eu correr
ao solitário mar
Otário demais pra fingir
Esperto demais pra entender
Será que cheguei ali
ou ponte inda não levantou?
Estarei no horizonte daqui
ou daqui o horizonte secou?
Me vejo caindo e a tudo vejo
No rio do mundo, a vida despejo
Passou um barco e não molhei
E no horizonte eu costurei
mais um lugar pra chamar Desejo.
A ponte em passagem rasa
De rio, bem mais que profundo
Espero o barco do mundo
passar para nele eu correr
ao solitário mar
Otário demais pra fingir
Esperto demais pra entender
Será que cheguei ali
ou ponte inda não levantou?
Estarei no horizonte daqui
ou daqui o horizonte secou?
Me vejo caindo e a tudo vejo
No rio do mundo, a vida despejo
Passou um barco e não molhei
E no horizonte eu costurei
mais um lugar pra chamar Desejo.
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Das trevas, coração
Sussurro
Um labirinto
Sinto tonto.. desvalido
Arf.. arf
Ar fresco falta
Suspiro pesado
Cambaleando
Segue trôpego o corpo irrumo
Errado o prumo
Assumo bêbado
O sumo bebido
Do sabido livro
Jamais lido
As contas que deve
Os prazos que perde
Dinheiros que despede
Caminhos que ignora
A pressa de outrora
Pesa a idade e apavora
Conta com os lábios
Cada segundo preso
O que na mente entende
Como a redenção
Despreza o tempo
Que agora, há pouco, há um tempo, já foi
Do escuro
Gruta turva da existência
Em todo mito e fantasia
Esconde o ouro que não brilha
Pra não perdê-lo e o perde
Os olhos sob o dia
O impedem, cegos
Lá deixou o que agora é
Nas trevas, o coração
Das trevas, coração
Um labirinto
Sinto tonto.. desvalido
Arf.. arf
Ar fresco falta
Suspiro pesado
Cambaleando
Segue trôpego o corpo irrumo
Errado o prumo
Assumo bêbado
O sumo bebido
Do sabido livro
Jamais lido
As contas que deve
Os prazos que perde
Dinheiros que despede
Caminhos que ignora
A pressa de outrora
Pesa a idade e apavora
Conta com os lábios
Cada segundo preso
O que na mente entende
Como a redenção
Despreza o tempo
Que agora, há pouco, há um tempo, já foi
Do escuro
Gruta turva da existência
Em todo mito e fantasia
Esconde o ouro que não brilha
Pra não perdê-lo e o perde
Os olhos sob o dia
O impedem, cegos
Lá deixou o que agora é
Nas trevas, o coração
Das trevas, coração
Deu a louca no cabide
Artefato feito de arte no tato do artífice
Para dispor sob o útil
Sejam as vestes do pontífice
Sejam os olhos ávidos
De meninas sobre os projéteis
Que as projetam após o armário
Escondê-los, secos, imóveis
Esguio e deslumbrante sob tudo, e calado
Para duas ou mais peças de uniforme
A si sustenta e é sustentado
Sustenta a tudo o que lhe cobre
e lhe cai bem sobre o arame
Há quem lhe chame de mulher magra
Após não tão cauteloso exame
Bradou ao mundo:
Que pecado!
Para dispor sob o útil
Sejam as vestes do pontífice
Sejam os olhos ávidos
De meninas sobre os projéteis
Que as projetam após o armário
Escondê-los, secos, imóveis
Esguio e deslumbrante sob tudo, e calado
Para duas ou mais peças de uniforme
A si sustenta e é sustentado
Sustenta a tudo o que lhe cobre
e lhe cai bem sobre o arame
Há quem lhe chame de mulher magra
Após não tão cauteloso exame
Bradou ao mundo:
Que pecado!
Comece
Comece
Pelo outro lado
Verás outro mundo
Outros olhos lhe darão
Outro caminho
Senão não serás nunca
Outro
Serás pequenininho
Como trem sem vagão
Mas pensando bem
Sejas trem sem vagão
Escolha tu, teu caminho
E não ames mais ninguém
Além de si, pequenininho
Depois vem, e me diz
Se valeu tanto a pena
Ou se uma pluma se faz pouco
Se posso perder tudo em paz
Ou se sou mesmo louco
De começar
Sempre olhando para trás
Phillip Davies
Pelo outro lado
Verás outro mundo
Outros olhos lhe darão
Outro caminho
Senão não serás nunca
Outro
Serás pequenininho
Como trem sem vagão
Mas pensando bem
Sejas trem sem vagão
Escolha tu, teu caminho
E não ames mais ninguém
Além de si, pequenininho
Depois vem, e me diz
Se valeu tanto a pena
Ou se uma pluma se faz pouco
Se posso perder tudo em paz
Ou se sou mesmo louco
De começar
Sempre olhando para trás
Phillip Davies
segunda-feira, 12 de abril de 2010
Máscara I
A essência e a verdade estão na superfície.
Não há uma interioridade, um outro lugar onde se procurar profundidade.
E a superfície é corpo.
Portanto, ou levamos a sério a máscara, ou escavamos inutilmente em busca de uma revelação que não é nada além de uma grande farsa.
Lacán
Não há uma interioridade, um outro lugar onde se procurar profundidade.
E a superfície é corpo.
Portanto, ou levamos a sério a máscara, ou escavamos inutilmente em busca de uma revelação que não é nada além de uma grande farsa.
Lacán
domingo, 28 de fevereiro de 2010
Sou um blog solto no furacão
ruptura
janelas abertas
investido tempo
o corte no cabelo
há muito seco pelo vento
desamarrado o tênis
a casa bagunçada
o tempo que sobra
na falta da balada
as coisas não ditas
seguras, guardadas
libertas, remidas
pela calma afagadas
morto pela poesia
no silêncio domingueiro
o vadiar do meu espírito
agora escrevo, insatisfeito
janelas abertas
investido tempo
o corte no cabelo
há muito seco pelo vento
desamarrado o tênis
a casa bagunçada
o tempo que sobra
na falta da balada
as coisas não ditas
seguras, guardadas
libertas, remidas
pela calma afagadas
morto pela poesia
no silêncio domingueiro
o vadiar do meu espírito
agora escrevo, insatisfeito
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