sábado, 5 de fevereiro de 2011

Pois sou contigo

Sou eu da dúvida porque duvido. Sou eu do som porque ouvido. Da poesia porque cupido e sou palavra, pois simbolizo. Não sou eu puro, nem pervertido. Não indigente, nem conhecido. Não tenho espaço, nem espremido. Eu sou mais eu, pois sou contigo. Não quero estrelas, me basta vê-las. Um despropósito ter tanto brilho aqui tão perto, basta um pingo. Me sinto amante, amado e amigo. Sou todo seu, pois seu querido.

Morte

A rúbrica rubra da caneta afiada
Destece a pele do desafiante
Abastece a terra com clamores de Abel
Familiar. Inveja. Distante.

Não apenas dos olhos cegos
O não enxergar nada
Não há pena dos pregos
Quando os quadros enfeitam a sala
Não há sorte na oportunidade
Se não há oportuna idade
E não há bem no que é bom
Se o que é bom é só o que tem

A rúbrica rubra da caneta afiada
Rouba o súplica da alma doente
Desfere golpes tão somente
Para caminhar sua caminhada
Galopante e imortal
A rúbrica rubra nada faz só
Acompanha sempre o comensal
Levando do pó ao pó

Quem poderá deter-lhe a mão
Ou distraí-lo de ser fatal?
A sua rúbrica rubra
É o destino, isso é normal.