terça-feira, 15 de setembro de 2009

Salário I

Meus digníssimos que tenho a honra de receber em meu blog, venho refletindo sobre o tema salário desde que recebi o último. Não que haja algo de novo em minhas reflexões que seja digno de qualquer louvor, mas não posso deixar de elevar minha reflexão porque encontrei riqueza, mesmo em lugares que me parecem muito comuns.

Dizem que mentira tem a perna curta. Certamente não conhecem o meu salário.
Uma mentira, percorre olimpíadas, copas, anos, meses, dias, horas, minutos e até alguns segundos. As pernas do meu salário tem garantia de dois passos, um até meu bolso e outro de volta pro banco. É quase comparável a uma idéia. Mais daquelas más idéias que logo passam, deixam-nos de mau humor e nos emburrecem, mas todo mês temos um misto de obrigação e prazer de encará-las.

Então, dizem que devemos sonhar, que os sonhos podem mudar nossas vidas e deixar nosso rastro na história da humanidade, mesmo que para um grupo seleto de pessoas com o qual realmente nos importamos. Dizem isso com a boca cheia de palavras de superação, de histórias cabulosas de heróis possíveis e talentos ocultos que encontraram meios de se revelar. Acho que deveriam, antes de dizer isso, ensinar-nos bons hábitos de vida. Dar-nos alertas das armadilhas do crédito, dos impostos que pagamos sem ver claramente seus resultados. Bom, chega de política, antes que tudo se perca na epiderme dos pensamentos parciais e não entranhe nada no organismo de vossas idéias.

O fato é que nossos hábitos de vida definem nosso salário e não o nosso salário define nossos hábitos de vida.

Quando me dei conta disso, percebi que eu gostava muito de viajar e isso tinha a ver com deixar para trás meus limites, quando na verdade são eles mesmos, fantasiados de minhas responsabilidades, que expandem meus horizontes. Ficar em casa, não significava mais uma tediosa espera pelo nada, mas um retorno às coisas do cotidiano que tenho deixado pra trás e que são minha riqueza maior. Vejam só, até criei esse blog para voltar a escrever.

O salário é um padrão. Como tal, desprovido da concreticidade do papel moeda, é uma tradução do meu dia-a-dia. De como me desenvolvo e sou desenvolvido por ele. Quando a bíblia cita muito bem que o salário do pecado é a morte, ela me traz a idéia de que meu cotidiano será como se todo mês a morte vai me encontrar e vou conviver com ela até que vire o mês ou que eu tome outra atitude. É exatamente essa idéia que fica clara quando penso no meu salário: Meu cotidiano define o meu salário.

Agora, quanto custa meu cotidiano? Refletir sobre o custo de uma vida me deixou bem perplexo, afinal, passamos boa parte da vida atrás desse tal salário. Como podem me oferecer tão pouco por minha vida? Mas o pior não é isso. Por quê passamos a maior parte da vida escolhendo hábitos de vida que nos prejudicam? Nos esmeramos em nosso cotidiano para destruir nosso salário usufruindo de escolhas que nunca nos satisfazem. O que houve com a sabedoria milenar "Por quê gastais o dinheiro naquilo que não é pão e o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer vossa alma?"?

Cada vez mais percebo que ganho pouco. Cabe-me agora perceber os meios de transformar o pouco em muito no meu dia-a-dia. Valorizar meu cotidiano. Acho que essa é a única forma de valorizar meu salário, valorizando meu tempo e minhas escolhas.

Comentem, façam sugestões e sempre, sempre tenham autocrítica.

Abraços

3 comentários:

  1. Gosteeeiii! Sempre que te ouço, o meu coração se enche de esperança! Nem tudo, nem todos estão perdidos! Agradeço muito a Deus por isso...
    Saudadeess
    Beijooo

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  2. Esta sua meditação sobre o salário está me fazendo refletir um bocado. Tenha certeza que eu gostei muito e que você conseguiu se comunicar diretamente com o meu espírito.

    Abraços.

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